Consultório-dentista, sala de espera. Revistas vazias de mulheres e roupas e maquiagens e propagandas e falsa-perfeição. Caras, Nova, Quem e... Revista de cirurgia plástica? Algo aparentemente interessante em contrapartida à capa não muito chamativa. Artigos científicos e carnificina. Conclusão do dia: cirurgião é a junção de costureiro com açougueiro. Estômago de chumbo. Mãos de mestre. Segunda conclusão do dia: pessoas são feias por dentro. Carnificina, carnificina.

Sala de espera. Pacientes que esperam. Mães e suas aprendizes com seus cabelos escovados e pernas à mostra. Elas passam a mão e ajeitam tanto o cabelo e encurtam tanto o short que o cérebro parece que não existe. Pre(-)conceitos meus, não nego. Mulheres são bichos esquisitos. Homens são bichos esquisitos. Todos somos bichos. Esquisitice em alta, será moda?

Consultório-dentista. Rotatividade de cenário. Cadeira legal. Seus dentes são lindos. [Peraí doutora fale bem aí de novo, espera eu só fazer uma ligaçãozinha pra minha cunhada]. Você devia usar fio dental. Sugador de saliva com um barulho engraçado na boca. Piercing é um objeto estranho e irritante para a língua, sabia? Pode cuspir.

Revistas de sala de espera, uma vez mais. Uma revista grande e colorida chama atenção não só pelo desenho da capa (uma escova “abraçando” um creme dental) como pelo nome: Piauí. Engraçado é que mesmo levando o nome do estado olho-a de cima a baixo não encontro nenhuma ligação entre os dois. Editora Abril. São Paulo – SP. Nada nordestino.

E as filhas de madames continuam a ajeitar seus cabelos olhando as revistas das modelos que usam as roupas que elas tentam imitar.

Hora de ir embora.

De volta para casa,
Elenise Penha