Aqueles que pensam que eu nunca mais escrevi nada acertaram o alvo. Estou pensando mais, cada vez mais, mas tudo na cabeça. Página que é bom, só as preenchidas com as palavras dos outros. Congelei. A infini(varie)dade de teorias que estou estudando embananou minha mente. Escrever? De quando em nunca quase de jeito nenhum. Minhas ideias se tornaram as ideias dos outros e as ideias dos outros se tornaram as minhas ideias. (Isso lembra Bakhtin) Talvez por isso eu esteja ocupando este espaço virtual com textos dos outros. Textos que dizem aquilo que eu não consigo dizer, aquilo que eu gostaria imensamente de escrever. Textos que também são meus e que, mostrando-os, faço-os de vocês. (Isso me lembra um autor... como é mesmo o nome dele???...)
Talvez por isso eu esteja lendo (mas esse não é, de longe, o motivo principal de minhas leituras) tanto: procuro meus pensamentos já escritos pelas palavras dos outros. E foi numa dessas "buscas" que me dei de cara comigo dentro de uma crônica do Rubem Alves:
"Quando entrei na universidade para ser professor senti-me muito importante. Com o passar do tempo fui sendo invadido por uma grande desilusão - tédio - um cansaço diante da farsa. Partilhei da desilusão dos alunos que se sentiram muito importantes quando passaram no vestibular e até ficaram felizes quando os veteranos lhes rasparam o cabelo. Cabelo raspado é distintivo: ‘Passei! Passei!’ Não levou muito tempo para que descobrissem que a universidade nada tinha a ver com os seus sonhos. E essa é a razão porque fazem tanta festa e foguetório quando tiram o diploma. Fim do sofrimento do sem sentido.".
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Tentei, mas não consigo escrever mais nada.
Elenise Penha
P.S.: Às vezes vem uma mulher chamada Inspiração (como ela é bonita...) e bota a mão no meu ombro. Meus olhos se arregalam e a mente anda: isso dá pra escrever! E vem o escrito direitinho na cabeça.
Então a memória diz "Rum!", dá as costas e vai embora.
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