março 15, 2015

Escrevo cartas pra mim mesma e não as abro. Nem respondo. Me acho chata e banal demais, não tenho o direito de sair falando assim de mim pra mim. Não ouço meus conselhos. Nem leio os versos. Anteontem eu quase saio de mim, ontem também. Não permiti. Todos os braços que me puxavam e olhos observadores pareciam não desistir. Foram mais fortes e incisivos. Hoje tenho hematomas. Então eu tentei levantar e tudo doeu. Queria escrever um texto feliz, um texto sobre amor, vida, sobre superação. Mas não. Em vez de todas as querências sai apenas isso. Os dias arrastados e a chuva que não veio. Perdi o costume de cartas endereçadas. De caligrafia em punho. Pode ser trauma ou pode ser sorte. Confesso que antes eu não sabia ser destinatário. Era tão contemplativa que esquecia do mundo externo. Ou não. Nunca me desculpei a não ser em pensamento. Acho que sei lidar mais com o que fazem do que com o que falam.
Agora, mais do que nunca, eu acredito em ações.

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